O relativismo promove a tolerância?

Quando o relativismo foi instaurado, como reação ao etnocentrismo, no início pareceu uma atitude positiva, “ouro sobre azul”, uma teoria que respeitava todas as culturas, não provocava mal porque não defendia o extermínio mas promovia a paz. No entanto, este conceito de tolerância encerra algumas contradições. O multiculturalismo ou relativismo cultural coloca as culturas numa “bolha social”, sem escapatória possível, na qual não existe saída ou possibilidade de ligação e comunicação. Como não existe possibilidade de diálogo, qualquer encontro entre duas culturas diferentes origina um conflito. Um ótimo exemplo para explicar o que acontece quando duas bolhas sociais colidem é o exemplo do fogo e da pólvora. Em ambos os casos, o clima irá aquecer, e tudo irá explodir. Em vez de confronto de ideias existirá confronto de pessoas, visto que nunca foram ensinados a conviver com outras culturas, tal como o fogo não consegue coexistir com a pólvora sem explodir. A defesa da tolerância pressupõe a existência de pelo menos um valor absoluto: a tolerância. Num sistema em que todos os valores são relativos não resta espaço para um valor absoluto. O valor da tolerância subentende na sua essência o contravalor da intolerância e num sistema em que todos os valores são intrinsecamente iguais não resta o que tolerar ou não tolerar. Tolerar inclui o consentimento discordante em relação a valores e práticas que são toleradas. E este é precisamente o tipo de juízo que um sistema relativista não nos autoriza. Com efeito o relativismo não promove a tolerância. Tolerar práticas que são um obstáculo ao bem estar dos afetados e que promovem o sofrimento dos outros não é tolerância mas indiferença.
Francisco Campos, n 12, 10º C

Comentários

  1. A tolerância no relativismo cultural pode ser vista como uma hipocrisia, pois esta tolerância não nos impede de considerar que as pessoas cujo costumes toleramos estão errados e , por esta razão, mesmo com tolerância o relativismo não admite a convivência e partilha de ideias entre povos. A tolerância das práticas das outras culturas são um obstáculo ao bem-estar dos afetados que promovem o sofrimento dos outro,como por exemplo a mutilação genital da mulher. Em suma, no relativismo há entendimento e indiferença mas não há tolerância.

    Rita Cardoso n 22 10 F

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  2. Acredito que sim,a tolerância (entre sociedades diferentes) é promovida pelo relativismo porque leva-nos a ver as outras culturas como diferentes e também promove uma atitude de não violência para com os outros povos e culturas.
    João Pinto/N:9/10F

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  3. Segundo o relativismo cultural, o bem e o mal são relativos a cada cultura: o bem é aquilo que é socialmente aprovado e o mal é aquilo que é socialmente reprovado[i]. Assim, se uma ação for aprovada pela maioria das pessoas da sociedade X, essa ação é moralmente correta (para as pessoas da sociedade X). Se essa mesma ação for reprovada pela maioria das pessoas da sociedade Y, essa ação é moralmente incorreta (para as pessoas da sociedade Y). Essa ação não é correta ou correta em si mesma, a sua correção ou incorreção depende da perspetiva cultural dos agentes. Na moralidade não existe o “em si mesmo”.
    A tolerância não nos impede de ter convicções e de, eventualmente, achar erradas as convicções das outras pessoas, apenas nos impede de impor pela força física ou psicológica as nossas convicções. Por isso, a tolerância não nos impede de comparar os costumes das diferentes sociedades nem de considerar que, eventualmente, alguns são melhores que outros. Ou seja, o relativismo não promve a tolerância, pois esta aumenta e acaba por derrotar-se a si mesma. Caso um sujeito "tolerar"práticas que promovem o sofrimento de pessoas ou que seja imoralmente incorreto, não se chama tolerância mas sim indiferença.
    Filipa Campos Neves nº10 10B

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