De corpo e alma

Na filosofia grega a alma destaca-se como tema de interesse na exploração do conhecimento,. Segundo os gregos, a nossa existência divide-se em dois polos opostos, o mortal e o imortal, o perfeito e o imperfeito, o bem e o mal, o corpo e a alma, ancorada numa visão dualista e maniqueísta da realidade. Platão foi um dos primeiros filósofos a fazer a distinção de corpo e alma, conceção explorada na Alegoria da Caverna, onde o corpo é visto como o cárcere da alma. Em todos os momentos desta obra percebemos claramente a visão dualista e o par de opostos na abordagem das questões gnosiológicas, antropológicas, cosmológicas e ontológicas. A valorização da alma em relação ao corpo tem o fundamento da matemática. O corpo é por natureza imperfeito porque tem um princípio e um fim tal como um segmento de reta, e a alma é perfeita, tal como uma reta sem princípio nem fim, sendo esta uma característica em consonância com Deus, entidade suprema ilimitada. Só com a morte é que a alma se separa definitivamente do corpo, a sua parte imperfeita, Em vida, dentro da caverna, o grande desafio é vivermos em conformidade com a razão e desprezarmos os cinco sentidos (corpo), o mais que pudermos. No caso de alguém sofrer de um problema fisicobiológico, um obstáculo ao exercício da racionalidade na verdadeira aceção do termo, a alma permanece intacta na sua essência pois com a morte do corpo volta ao seu estado natural de perfeição.
Avançando no tempo, alguns pensadores atuais afastam-se desta conceção platónica e valorizam também o corpo. É o caso de António Aruda: quando afirma que ”não há oposição entre a alma e o corpo; pelo contrário, há unidade da pessoa”, sendo necessário para o raciocínio um corpo e uma alma que conjuntamente  nos permite exercer a nossa vontade livre. Mas será que é mesmo assim?
                                                                                        Francisco Campos, 10ºC, nº12


Comentários