Será que o mundo é justo?


O mundo tal como o conhecemos parece bom. A esperança média de vida aumentou bastante nos últimos anos, as condições de saneamento, higiene, alimentação… entre outras, melhoraram exponencialmente. Com o início da era industrial os meios de comunicação têm um alcance tão grande que se estes “privilégios” fossem retirados da população, a criminalidade, a insegurança e as infracções dos direitos humano iriam aumentar drasticamente.
Porém, tal como referido, isto tudo são “privilégios”. Tanto são privilégios que apenas uma minoria do mundo consegue usufruir dos mesmos. Para ser mais especifico, apenas 40% da população mundial tem acesso à internet, cerca de 70% a 80% da população mundial recebe menos de 10e por dia e a maioria das pessoas vive nos chamados “países do terceiro mundo”. E claro, isto sem referir as desigualdades existentes em todos os grupos sociais: homem, mulher, negro, asiático, muçulmano ... todos, sem excepção, estão sujeitos  aos estereótipos da sociedade.
Sendo assim, como é possível a justiça social? Quem deve resolver estes problemas socioeconómicos? Claramente, o Estado deve tentar resolver estas desigualdades e diminuir o fosso entre ricos e pobres. Por exemplo, o Estado deve criar leis que impeçam o favoritismo de um grupo étnico, uma vez que somos todos humanos, logo, todos merecemos os mesmos direitos e devemos cumprir os mesmos deveres, mesmo que exista diferença na unidade. No entanto, é humanamente impossível o Estado garantir a felicidade total da população, visto que este só consegue resolver parâmetros claramente injustos na sociedade e não problemas internos do indivíduo, tal como familiares, existenciais, amorosos, ou seja, o estado só pode conseguir assegurar a base da pirâmide do bem-estar humano e não a sua totalidade. O Estado pode garantir a igualdade de oportunidades mas não pode garantir a igualdade de resultados.

Francisco Campos, nº12, 10ºC




Comentários

  1. Classificar o mundo como justo ou não parece ser uma questão que reúne respostas diversificadas com pontos de vista totalmente diferentes. Se perguntasse a uma criança síria que passou, até ao momento, a sua infância em condições que podem ser consideradas deploráveis ou, ainda pior, a fugir de cidade em cidade para evitar a conhecida guerra, certamente vou ouvir uma resposta totalmente diferente do que se perguntar a um colega de turma. John Rawls introduz então o chamado "véu da ignorância". Este resume-se à incapacidade de saber se vamos nascer ricos, pobres, num local seguro, ou no meio da guerra. Por isso, Rawls mostra através desta teoria que devemos olhar uns pelos outros, que os ricos devem, por exemplo, pagar impostos para que o Estado possa fornecer comida aos que não têm possibilidade de a ter de forma independente, ou para que possam ser oferecidos livros aos estudantes cujos pais não têm meios para os comprar. Este, à vista de Rawls, é o caminho para um mundo mais justo, para a igualdade, ou a diminuição de um fosso que existe entre sociedades, entre os "cidadãos de primeira" e os "cidadãos de segunda". Este baseia-se em três princípios: princípio da liberdade igual para todos, princípio da igualdade de oportunidades e no princípio da diferença.
    Robert Nozick opõe-se, então, a esta forma de obter a igualdade entre os cidadãos e entende que não será justo alguém trabalhar para ter o seu ordenado e ter de pagar impostos que suportam outras pessoas. Por exemplo, Nozick entende como inaceitável um empresário duplicar ou triplicar o seu lucro num determinado espaço de tempo e, por sua vez, o Estado fazê-lo pagar o dobro ou o triplo dos impostos. Nozick defende em maior escala uma liberdade mais individual, defende que cada um tem total direito aquilo que obtém legalmente. Pessoalmente, não considero que esta teoria seja totalmente correta, as pessoas com dificuldades podem perfeitamente ter sido um dia um empresário de sucesso. Devemos então, para poder viver numa sociedade equilibrada, ver nas pessoas que necessitam de ajuda o que podíamos ser nós próprios, ver nos sem abrigo o que podemos vir a ser num futuro próximo ou longínquo, que se auto-intitula logo de partida como incerto.
    Concluindo, pode-se reparar que vivemos num mundo injusto, que tem a capacidade de castigar os bons e, por outro lado, beneficiar os pobres de espírito como descreve Luís Vaz de Camões na esparsa "os bons vi sempre passar", mas que, apesar de tudo, encontrou o caminho para que haja uma sociedade menos diferente.

    Gonçalo Vieira, n14, 10B

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  2. O mundo em que vivemos tem melhorado pelo que as pessoas dizem. Cada vez à melhor acesso/comunicação de país para país, através maioritariamente da internet; Mas será que o mundo é realmente justo?
    Com o mau salariamento distribuido pelo mundo, o fosso entre ricos e pobres tem vindo a ficar cada vez mais desigual,cada vez mais existe pessoas com menos possibilidades a acesso a ensino superior; muitas das vezes por conflitos entre um país com o outro/guerra ou por demasiada pobreza.
    O Estado elegido pelo povo tem como dever de equilibrar esse fosso. Muitas das vezes o Estado cobre mais impostos às pessoas mais favorecidas para dar esse imposto às mais desfavorecidas.
    Concluindo , será éticamente correto que o Estado demonstre maior desigualdade para os mais desfavorecidos , tornando assim o mundo mais injusto?

    Francisco Sucena nº29 10B

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  3. Em primeiro lugar, acerca da afirmação do texto principal: "Claramente, o Estado deve tentar resolver estas desigualdades e diminuir o fosso entre ricos e pobres. Por exemplo, o Estado deve criar leis que impeçam o favoritismo de um grupo étnico, uma vez que somos todos humanos, logo, todos merecemos os mesmos direitos e devemos cumprir os mesmos deveres, mesmo que exista diferença na unidade." podemos encontrar um problema: estamos a refletir acerca da desigualdades a nível mundial e será que se deve criar um Estado global? A resposta é não. Um Estado deve restringir-se a "pequenos" circulos sociais e não à população mundial. Partindo da ideia que este Estado seria democrático e que todos os votos valeriam o mesmo poderiamos ter a supremacia de povos sobre outros. Por exemplo, se os países da Ásia se unissem, teriam sempre a maioria e as outras culturas iriam ser dominadas. Para concluir este tópico, podemos dizer que não é solução a criação de um Estado mundial, mas sim, apenas algumas organizações moderadoras, tais como a ONU.
    Quanto à questão individual, sou da opinião que o Estado não deve interferir nos rendimentos de cada um. Existem pessoas mais trabalhadoras que outras e a distribuição do rendimento deve ser em função disso e não em função das necessidades. Se nós fizermos uma experiência mental e pensarmos na origem do trabalho como meio de obter rendimento, iremos perceber que nem sequer é justo o Estado saber quanto recebemos, sem que haja motivo para tal investigação. Cada um que trabalhe de forma honesta deve receber o seu salário e o Estado não tem o direito de interferir com isso. O pensamento de Rawls a injustiça das democracias, uma vez que se tivermos 1% da população a trabalhar e 99% a viver à custa desses 1%, nas urnas, esse 99% podem eleger 99% dos deputados que podem aprovar leis que ainda retirem mais rendimento aos 1%. Numa sociedade justa quem contribuisse com mais impostos para a saúde, educação, etc, deveria ter mais poder de voto. Assim penso que se poderia optar por estas duas soluções: OU quem tem mais rendimentos desconta de forma minima, que inclua a saúde, a educação, a defesa, etc, mas tem beneficios, tais como prioridade no uso dos bens e serviços públicos e mais poder de voto, OU, cada um vive dos seus rendimentos tendo todos de descontar para os serviços minimos estarem garantidos.

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  4. parte2- No entanto estes duas soluções iriam pôr a democracia em causa, sendo que podemos concluír que a democracia não é um regime justo e é um regime demasiado ambiguo, uma vez que defendendo a liberdade não a garante a todos os cidadãos, uma vez que, os mais trabalhadores, que têm melhores rendimentos, estão privados de usufruir livremente dos frutos do seu trabalho. Se em vez de termos governos que se sustentam com os votos das massas, muitas vezes compostas por pessoas que não trabalham, ou têm trabalhos pouco remunerados, visto que não estudaram para alcançar posto melhores, e que vêm nesses governos formas de receberem fundos e subsídios à custa de quem se esforçou para garantir um futuro melhor, tivessemos um homem justo que zelasse pelos reais interesses do país e que defendesse os proprietários que já contribuem bastante através do pagamento de salários, mesmo que este homem estivesse 40 anos no poder sem ter de ir a eleições para lançar promessas impossíveis de cumprir, então, aí, a sociedade daria um passo à frente pois os governos teriam continuidade e as pessoas preguiçosas teriam de trabalhar mais para conseguir sobreviver. As empresas sem os encargos dos impostos poderia realizar investimentos, crescendo e podendo empregar mais pessoas, distribuindo a riqueza através do trabalho. Temos como exemplo a República Romana, que tinha vários consules que governavam o país que eram eleitos pelo povo de forma democrática. Posteriormente, Júlio César assumiu o poder de forma perpétua e Roma evolui bastante a níveis económicos, sociais e territoriais.
    Concluíndo, é possível construir uma sociedade justa, sendo que esta justiça consiste em algo tão simples como cada indivíduo ter direito à totalidade do seu rendimento. Também podemos ver que a sociedade está a tomar o rumo errado e a democracia apenas serve para os que não querem trabalhar se sustentarem à custa dos inovadores e empreendedores que constituem, à custa do próprio trabalho, riqueza.

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