- ENSAIO FILOSÓFICO: - O que é a arte? Qual a teoria que melhor define a obra de arte?

 

Refletir sobre a natureza da arte implica responder à questão - O que é a arte? - O que torna artística uma obra? Nesta dissertação irei apresentar a tese de Hervê Boillot, seguida de uma objeção e uma possível resposta a essa objeção. Apresentarei também a minha perspetiva pessoal sobre o problema da natureza da arte.

Arte tem um papel importante na vida do homem desde a pré-história. René Huyghe afirmava que “não há arte sem homem, nem homem sem arte” pois ela tão importante como o ar que se respira. Uma experiência estética implica uma contemplação desinteressada, sem preocupações utilitárias, morais, cognitivas ou outras. Assim, o espectador contempla pelo prazer de contemplar. A teoria da arte como imitação/ representação é uma teoria essencialista, ou seja, baseia-se nas características intrínsecas, necessárias e suficientes da obra de arte. Hervê Boillot critica esta teoria: "Ninguém espera da música ou da arquitetura que reproduzam a realidade".  Por isso esta teoria não tem um argumento forte, não apresenta as condições necessárias, pois nem tudo o que é arte representa algo (música), nem suficientes pois nem tudo o que representa algo é arte (bandeira de Portugal, por exemplo). Hervê Boillot defende a tese de que a arte não é, efetivamente, uma imitação da realidade e apresenta exemplos de artes que não podem reproduzir a realidade, mas em vez disso a transfiguram.  Esta posição pessoal tão marcada contra a teoria da arte como imitação levanta as questões: - será que a capacidade para reproduzir fielmente o real dá valor artístico à obra? – Será que a obra  é arte se copiar o real e nos iludir ao ponto de pensarmos que estamos a olhar para a realidade natural e não para um simples quadro ou escultura? Hervê Boillot considera que não porque o artista transfigura o mundo real, vai para além da forma original. O artista tem imaginação, alarga o horizonte da sua experiência sensível e também pensante. A arte é assim a criação de formas sensíveis (cinema, literatura, música) que mesmo quando parecem não o fazer interpretam a realidade enriquecendo-a com novas perspetivas e modalidades de expressão.

Alguns filósofos, mais fieis a Platão e Aristóteles, podem responder a Hervê Boillot afirmando que a música pode reproduzir a realidade de um som ("Pode acontecer que a música reproduza instrumentalmente o som de um fenómeno real [...]") ou um sentimento («"o amor"»). A obra deve imitar o real constituindo-se como uma cópia ou espelho do qual os objetos são refletidos o mais fielmente possível e até aperfeiçoados. Assim, é arte o que reproduz fielmente o visível, a natureza e reprovam-se todas as outras manifestações artísticas que não iludam o nosso olhar pois a arte deve fazer-nos acreditar que os objetos fora da tela são contemplações da própria realidade. A obra é tanto mais valiosa quanto mais ilude e engana isto é quanto maior for a ilusão da realidade provocada em quem a contempla. 

Porém, Boillot, contra-argumenta explicando que a música não irá representar identicamente estes fenómenos: " Mas não reproduzem esses fenómenos exatamente transfiguram-nos, evocam-nos, não os imitam" porque a transfiguração vai para além do real e ao ser uma reinterpretação está aberta a outros sentidos. "Uma tempestade numa ópera não é uma tempestade de é música".

Concluindo, tendo a concordar com Hervê Boillot. Não considero que a teoria da imitação/representação responda claramente ao problema da filosofia da arte por ser demasiado restrita, apesar de me parecerem esteticamente mais bonitas todas as obras incluídas na teoria porque enfatizam a importância do domínio e destreza técnica. No entanto a arte não está ao serviço da beleza, do que é esteticamente mais bonito porque essa é uma preocupação do objeto artístico ( que deseja agradar) e não da arte propriamente dita. Penso que a melhor resposta para o problema da arte, é a seguinte: para algo ser considerado arte tem que estar de acordo com os critérios das diferentes teorias da arte (imitação/ representação, forma,  expressão, teoria histórica e teoria institucional da arte), isto é,  tem que ser considerado arte, transversalmente, em todas estas teorias. Será isso possível?

                                                                                                       Teresa Cunha, 11º F

 

 

 

 


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