Será que existem valores objetivamente verdadeiros?

Ou será que a sua verdade depende daquilo que um indivíduo ou uma sociedade consideram verdadeiro?". Uma das perspetivas que responde a este problema é o relativismo cultural.
Pegando no exemplo da excisão genital feminina: esta prática está principalmente concentrada em  30 países na África e ocorre também em alguns lugares da Ásia e da América Latina. A ONU tem vindo a fazer diversas campanhas para lutar a favor da extinção desta pratica em todo o Mundo. Ora, tendo em conta  esta situação será que devemos considerar a excisão genital feminina uma pratica objetivamente má e lutar pela sua total extinção ou devemos aceitar que diversas culturas a pratiquem e ficar "quietos"?
O relativismo cultural é uma perspetiva subjetivista dos valores. A verdade dos juízos morais depende do que cada sociedade acredita ser moralmente correto, depende do que esta aprova ou desaprova. Moralmente verdadeiro é igual a socialmente aprovado e vice-versa. Então, de acordo com o relativismo cultural, uma proposição como "a excisão genital feminina é má" é verdadeira, para certas culturas e sociedades é falsa e para outras é um prática que devemos tolerar/aceitar. Assim, nenhum juízo de valor moral é falso ou verdadeiro. Nenhuma sociedade é dona de valores absolutos porque cada uma define o que é certo ou errado de forma autónoma e soberana.
Considerando esta perspetiva verdadeira, estamos a respeitar e a tolerar os valores e opiniões das diferentes culturas mas, ao mesmo tempo,  estamos a ser indiferentes em relação a práticas  que vão contra os direitos humanos em geral e contra a liberdade em particular, valores absolutos e inquestionáveis.  Assim, estamos a impedir o progresso e a evolução da sociedade, algo que é suposto acontecer ao longo do tempo, na tentativa de aperfeiçoamento, com base na comunicação aberta ao diálogo. Podemos concluir que o relativismo assenta numa política que incentiva a indiferença e o desinteresse.

Carolina Torrinha, nº19, 10ºF

Comentários

  1. Os valores são padrões ou referências segundo os quais julgamos pessoas, ações ou objetos. Eles orientam a nossa vida e guiam as nossas ações. Porém, a sua natureza não é clara: há quem defenda que os valores são objectivamente verdadeiros e quem defenda que eles variam consoante cada pessoa ou cultura.
    Daqui nascem três teorias que tentam responder a este problema: o objetivismo moral, o subjetivismo moral e o relativismo cultural. O objetivismo afirma que os valores não dependem dos sentimentos de nenhum indivíduo, sendo eles objetivos e universais. O subjetivismo defende que os valores estão relacionados com as preferências do sujeito, sendo eles subjetivos. O relativismo cultural, por sua vez, afirma que os valores são verdadeiros ou falsos de acordo com a cultura onde estão inseridos, pelo que podemos dizer que está perspetiva também é subjetivista.

    André Mota
    N°3
    10°I

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  2. O Relativismo Cultural procura entender os valores culturais de uma qualquer sociedade a partir dos padrões e crenças vigentes nessa mesma sociedade. Para esta posição sobre a diversidade cultural e moral não há certo nem errado, significando que os valores são todos relativos. Se concordarmos com esta forma de visão não podemos considerar que existem ou existiram nas diferentes culturas práticas ofensivas dos direitos humanos. Devemos aceitar então, todo o tipo de atos existentes nas diferentes sociedades. Esta forma de observar o mundo sem nenhum preconceito ou julgamentos pré-concebidos não é viável na prática. Isso significaria o conformismo e a indiferença perante o que nos rodeia e a convicção de que os valores não são objetivamente verdadeiros. Na Índia, os bebés do sexo feminino são menos desejados que os do sexo masculino, o que leva a que muitas recém-nascidas sejam abandonadas à morte. Será isto aceitável ?
    Helena Rocha nº27 10ºF

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  3. Segundo os relativistas culturais os valores não são objetivos nem verdadeiros ou falsos. A verdade dos juízos morais depende do que cada cultura acredita ser moralmente correto há, portanto, uma atitude de tolerância em relação a outras práticas. Contudo, está atitude gera sentimentos de indiferença .
    Segundo a tese dos interculturalistas tem que haver dialogo entre as culturas para se conseguir chegar a um acordo e criar minimos morais, na perspetiva de Senghor. Em vez da tolerância passiva o que a diversidade cultural exige é empenho no diálogo entre culturas para um novo espaço sociocultural comum. A perspetiva dos etnocentristas está em oposição porque aceitas a superioridade sua cultura em relação às outras..Gonçalo Alves nº12 10

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  4. É possível afirmarmos e enumerarmos várias qualidades e características positivas sobre o relativismo cultural. Esta teoria autoriza uma grande diversidade cultural e permite o respeito às diferenças e opiniões de outras sociedades. Contudo, é também verdade que este pensamento pode induzir a atitudes de preconceito e indiferença. Se um relativista cultural tomar conhecimento de atitudes racistas que estão a levar ao assassinato de várias pessoas noutro pais, ele iria simplesmente tolerar esse comportamento por o mesmo acontecer numa cultura diferente da sua. Mas será isto correto?
    Francisco Guedes n10 10f

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