I - DEUS EXISTE? - Texto argumentativo.


 

A existência de Deus é um problema da filosofia da religião debatido durante séculos. Esta temática levanta a seguinte questão: Será que Deus existe? A pergunta é relativa aos nossos valores e crenças e tem a finalidade de encontrarmos um sentido para a vida focalizado na salvação eterna. Há vários argumentos que justificam a existência de Deus como por exemplo o argumento cosmológico de São Tomás de Aquino com uma prova empírica ou o argumento ontológico de Santo Anselmo com uma prova racional. Ambos pretendem defender a existência de um Deus teísta: omnipotente, todo poderoso, omnisciente, sabe tudo o que é logicamente possível, e transcendente, porque é uma entidade que está para além da física.  Esta problemática leva-me a levantar a formular a pergunta: Será que o Deus teísta existe e pode ser justificado pelo argumento ontológico de Santo Anselmo? Nesta argumentação irei apresentar a tese e uma possível objeção, para posteriormente dar resposta à objeção e afirmar a minha perspetiva pessoal.

Santo Anselmo afirma que “Deus é o ser maior do que o qual nada pode ser pensado”. Assim, Deus tem de existir necessariamente porque, se não existisse, poderia existir algo melhor ou maior. Ou seja, a existência é uma condição necessária da perfeição porque existir é mais perfeito do que não existir. Por esta razão, “aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado” tem de existir no pensamento e na realidade para que não haja contradição. Logo, segundo Santo Anselmo, Deus existe tanto no pensamento como na realidade. Esta argumentação a priori parte da razão prescindindo de qualquer prova empírica.

Gaunillo criticou esta teoria e apresenta a objeção da ilha perfeita: “Se eu pensar numa ilha perfeita, maior do que a qual nenhuma outra pode ser pensada, então essa ilha tem de existir porque se não existisse, uma outra que existisse poderia ser mais perfeita que ela”. Isto seria considerado um absurdo sendo então este contra-exemplo apresentado como um poto fraco da teoria. O argumento passa ilegitimamente da ordem do pensamento para a ordem do conhecimento, melhor dizendo, da ordem lógica para a ordem ontológica.

Os defensores de Santo Anselmo respondem a esta objeção dizendo que Deus, o ser mais perfeito de todos os seres ou a perfeição em si mesmo, uma realidade metafísica e transcendente, não pode ser comparado a um mero objeto físico/material. Com efeito, Deus é um ser perfeito acima de qualquer realidade física. A existência não é uma propriedade física, mas antes uma condição de possibilidade para que Deus tenha uma efetiva existência com base na lógica racional. Se pensamos em Deus ele tem que existir.

Este argumento é complexo e difícil de ser aceite por quem não tem fé, por quem não acredita em Deus e se assume ateu ou agnóstico.  Pela minha parte acredito que Deus existe, no entanto, tenho dificuldade em aceitar este argumento. Não é legitimo passar do pensamento para a realidade pois são dois mundos distintos e inconciliáveis. O argumento dá um salto no raciocínio e não consegue explicar com objetividade a existência divina. 

Podemos concluir que de uma forma geral os argumentos falham sendo Deus acessível apenas pela fé. Quem tem fé considera a sua justificação desnecessária. Se não formos crentes nenhuma fundamentação é capaz de nos convencer.

                                                                                                               Marta Soares, nº16 - 11ºE

 

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