III - DEUS EXISTE? Texto argumentativo

 

Definir Deus ou provar a sua existência não é tarefa fácil sendo até um problema que nos acompanha ao longo dos séculos. Vários filósofos tentaram responder às questões da filosofia da religião, mas houve sempre objeções a enfraquecer as ideias. Será que há alguma teoria que, apesar das objeções a que é sujeita, consiga comprovar a existência do Deus teísta? Vamos apresentar a tese de São Tomás, uma objeção e uma resposta à objeção na tentativa de mostrarmos que este argumento é o mais forte e o que melhor explica a intervenção divina que dá sentido à vida porque nos promete a felicidade eterna após a morte do corpo.

 

Entre todas as teorias criadas pelos diversos filósofos, são utilizados dois tipos de argumentos: a priori e a posteriori. Enquanto que os a priori são conceituais e analíticos, os argumentos a posteriori são empíricos. Incluída nos argumentos a posteriori, encontra-se a teoria cosmológica, defendida por São Tomás de Aquino. Esta tese procura provar a existência de algo divino, criador do mundo, com base na experiência e na apresentação de uma lei científica – “não há efeito sem causa”.

Baseada no conceito de causa, a teoria cosmológica diz-nos que tudo o que existe no mundo tem que ter uma causa eficiente. Se tudo tem uma causa, então segue-se que o universo também tem de ter uma causa, dado que o universo é algo que existe. Contudo, não há uma ideia causal que regrida infinitamente. Se a cadeia causal não regride infinitamente, então tem de existir uma primeira causa. Logo, existe uma primeira causa que não é causada à qual chamamos Deus.

Após lermos este argumento, somos levados a fazer o seguinte questionamento: será que Deus é a causa de tudo e também de si mesmo? O que prova o argumento cosmológico?

Segundo os críticos, o argumento só prova que tudo o que existe tem uma causa e mesmo que Deus seja a causa primeira, ficamos sem saber de que Deus estamos a falar. Como uma causa é um acontecimento, Deus teria que ser temporal para se tornar eterno e Deus existir antes de ser Deus é um absurdo que um ateu não consegue aceitar.

Como resposta a estas objeções, surgiu a solução para o problema dada por Richard Swinburne. O autor procurou ajustar o argumento cosmológico. Mesmo que exista outra explicação possível do universo, devemos aceitar a que nos parece mais verdadeira. É mais provável que o universo tenha sido criado por Deus do que tenha surgido por mero acaso no processo evolucionista.

 

Para nós, a teoria cosmológica é aquela que melhor defende a possível existência do Deus teísta, pois, apesar dos argumentos apresentados pelos críticos e das diversas objeções a esta tese, a solução para o problema dado por Swinburne, convence-nos que a teoria de São Tomas de Aquino é a mais acertada.

Por fim, apesar de não haver nenhuma tese que prove, de forma absoluta, a existência de Deus, a teoria cosmológica dá-nos argumentos válidos que nos levam a aceitar e a acreditar mais claramente na existência da metafísica. Com efeito não podemos ver Deus mas temos acesso à sua obra que é o universo criado por ele, pessoa com um projeto e uma vontade própria.

 

Margarida Soares, Carlota Alves, Pia Matos 11H