IV- DEUS EXISTE? Texto argumentativo


 

O problema da existência de Deus foi sempre debatido ao longo dos séculos, e em alguma altura da nossa vida o tema desperta interesse.  Será que Deus existe? Para responder a esta pergunta existem três atitudes distintas: o teísmo defende a existência de Deus, o ateísmo afirma que Deus não existe e o agnosticismo não afirma nem nega a existência de Deus, suspendendo o juízo. A divindade a que nos estamos a referir é o Deus teísta da tradição europeia. Este Deus é o criador, porque é a causa de tudo, transcendente, ou seja, metafísico, omnipotente, pois é capaz de fazer tudo, omnisciente, sabe tudo, omnipresente, está em todo o lado, pessoa, porque tem personalidade e vontade, e é sumamente bom. Neste texto argumentativo vamos responder a esta questão polémica segundo a perspetiva do problema do mal, apresentando uma tese, uma objeção à teoria e uma resposta à objeção. Vamos também apresentar a nossa própria opinião.

 

O problema do mal afirma a impossibilidade de aceitarmos Deus com as características anteriormente definidas e por isso torna-se um argumento que nega a existência de Deus. Segundo esta teoria, o mal é incompatível com o Deus teísta, uma vez que se este Deus é sumamente bom, omnipotente e omnisciente devia querer e poder parar/travar o mal. Como não o faz, Deus não existe. Este ponto de vista apresenta uma impossibilidade lógica entre a existência de um Deus sumamente bom e o mal natural. Para compreendermos esta teoria, é importante distinguir dois tipos de mal: os males justificados e os males gratuitos. Os males justificados são os males que possuem justificação já que com eles se pode trazer um bem maior. Os males gratuitos são os que, se não existirem, não levam à perda de um bem maior. O problema do mal afirma que, como existem males gratuitos, Deus não pode existir.

 

Como objeção a esta teoria surgiu a Teodiceia de Leibniz, uma teoria que procura justificar a razão pela qual Deus permite que o mal exista. Defende a causa de Deus perante argumentos que julgam inconsistente a existência de Deus e do mal. Leibniz afirma que vivemos no melhor mundo possível e que há males para se obterem bens maiores. Tudo o que acontece tem uma razão suficiente para ser assim e não de outra forma, ou seja, não há males gratuitos. Apresenta também duas razões pelas quais existe o mal: o livre arbítrio e o aperfeiçoamento moral. Em primeiro lugar, o mal moral (guerra, roubos, violações, etc) existe porque Deus nos deu livre-arbítrio. Ao criar agentes livres, Deus não podia garantir que escolheríamos o bem em vez do mal. O sofrimento não é causado por Deus, mas sim pelas pessoas que têm livre-arbítrio. A segunda razão é que o mal é necessário porque é a condição do nosso aperfeiçoamento moral e espiritual. O sofrimento é assim um teste para nos aperfeiçoarmos e enfrentarmos as adversidades e para crescermos como seres humanos. É também uma oportunidade para obtermos a recompensa, a vida eterna, onde o sofrimento e a infelicidade não têm lugar.

 

Os defensores do problema do mal, na sua perspetiva ateísta, responderiam dizendo que, se não há males gratuitos, como explicamos um tsunami que mata milhares de pessoas, ou um recém-nascido que morre nos primeiros anos, não tendo oportunidade de viver a vida. Mesmo que estes acontecimentos levem a atos heroicos, no primeiro caso e ao aperfeiçoamento moral da família do recém-nascido, no segundo caso, estaremos dispostos a afirmar que o bem que veio destas situações foi maior que o mal? Será que um ato heroico vale mais do que milhares de vidas?

 

Quanto ao nosso ponto de vista, ainda não temos uma opinião bem formada, uma vez que todos os argumentos, quer a favor quer contra a existência de Deus, têm lacunas que nos fazem pensar. Encontramo-nos, neste momento, numa perspetiva próxima do agnosticismo, uma vez que consideramos difícil acreditar ou negar a existência de Deus. Podemos concluir que que a questão de partida inicial vai continuar em aberto como tem continuado ao longo dos tempos.

 

Rita Santos nº21, Leonor Vaz nº13 e Benedita Mafra nº2

 

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