O problema da existência de Deus
foi sempre debatido ao longo dos séculos, e em alguma altura da nossa vida o
tema desperta interesse. Será que Deus
existe? Para responder a esta pergunta existem três atitudes distintas: o
teísmo defende a existência de Deus, o ateísmo afirma que Deus não existe e o
agnosticismo não afirma nem nega a existência de Deus, suspendendo o juízo. A
divindade a que nos estamos a referir é o Deus teísta da tradição europeia.
Este Deus é o criador, porque é a causa de tudo, transcendente, ou seja,
metafísico, omnipotente, pois é capaz de fazer tudo, omnisciente, sabe tudo,
omnipresente, está em todo o lado, pessoa, porque tem personalidade e vontade,
e é sumamente bom. Neste texto argumentativo vamos responder a esta questão
polémica segundo a perspetiva do problema do mal, apresentando uma tese, uma
objeção à teoria e uma resposta à objeção. Vamos também apresentar a nossa
própria opinião.
O problema do mal afirma a impossibilidade de aceitarmos
Deus com as características anteriormente definidas e por isso torna-se um
argumento que nega a existência de Deus. Segundo esta teoria, o mal é
incompatível com o Deus teísta, uma vez que se este Deus é sumamente bom,
omnipotente e omnisciente devia querer e poder parar/travar o mal. Como não o
faz, Deus não existe. Este ponto de vista apresenta uma impossibilidade lógica
entre a existência de um Deus sumamente bom e o mal natural. Para compreendermos
esta teoria, é importante distinguir dois tipos de mal: os males justificados e
os males gratuitos. Os males justificados são os males que possuem justificação
já que com eles se pode trazer um bem maior. Os males gratuitos são os que, se
não existirem, não levam à perda de um bem maior. O problema do mal afirma que,
como existem males gratuitos, Deus não pode existir.
Como objeção a esta teoria surgiu a Teodiceia de
Leibniz, uma teoria que procura justificar a razão pela qual Deus permite que o
mal exista. Defende a causa de Deus perante argumentos que julgam inconsistente
a existência de Deus e do mal. Leibniz afirma que vivemos no melhor mundo
possível e que há males para se obterem bens maiores. Tudo o que acontece tem uma
razão suficiente para ser assim e não de outra forma, ou seja, não há males
gratuitos. Apresenta também duas razões pelas quais existe o mal: o livre
arbítrio e o aperfeiçoamento moral. Em primeiro lugar, o mal moral (guerra,
roubos, violações, etc) existe porque Deus nos deu livre-arbítrio. Ao criar
agentes livres, Deus não podia garantir que escolheríamos o bem em vez do mal.
O sofrimento não é causado por Deus, mas sim pelas pessoas que têm
livre-arbítrio. A segunda razão é que o mal é necessário porque é a condição do
nosso aperfeiçoamento moral e espiritual. O sofrimento é assim um teste para
nos aperfeiçoarmos e enfrentarmos as adversidades e para crescermos como seres
humanos. É também uma oportunidade para obtermos a recompensa, a vida eterna, onde
o sofrimento e a infelicidade não têm lugar.
Os defensores do problema do mal, na sua
perspetiva ateísta, responderiam dizendo que, se não há males gratuitos, como
explicamos um tsunami que mata milhares de pessoas, ou um recém-nascido que
morre nos primeiros anos, não tendo oportunidade de viver a vida. Mesmo que
estes acontecimentos levem a atos heroicos, no primeiro caso e ao aperfeiçoamento
moral da família do recém-nascido, no segundo caso, estaremos dispostos a
afirmar que o bem que veio destas situações foi maior que o mal? Será que um
ato heroico vale mais do que milhares de vidas?
Quanto ao nosso ponto de vista, ainda
não temos uma opinião bem formada, uma vez que todos os argumentos, quer a
favor quer contra a existência de Deus, têm lacunas que nos fazem pensar.
Encontramo-nos, neste momento, numa perspetiva próxima do agnosticismo, uma vez
que consideramos difícil acreditar ou negar a existência de Deus. Podemos
concluir que que a questão de partida inicial vai continuar em aberto como tem
continuado ao longo dos tempos.
Rita Santos nº21, Leonor Vaz nº13 e Benedita
Mafra nº2
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