Os textos que fizeram filosofia - FILOSOFIA DA RELIGIÂO





*SE APOSTO QUE DEUS EXISTE O QUE POSSO PERDER E GANHAR?

Pascal apresenta o argumento baseado num cálculo de possibilidades e por isso “Temos de apostar. Não temos saída”. Deus só é acessível pela fé, daí a designação de fideísmo pois não há outra forma de provar que ele existe. O autor convida-nos a pensar nas “vantagens e desvantagens de apostar na existência de Deus” na tentativa de nos provar que é mais racional acreditar. Assim, se aposto que Deus existe e ele efetivamente existe, então ganho a vida e salvação eterna, tenho um ganho infinito; Mas se aposto que Deus existe e de facto ele não existir tenho uma perda finita, ou seja, apenas perco a oportunidade de viver plenamente os prazeres mundanos e desperdiço tempo a rezar em cultos religiosos desnecessários. Contas feitas, “se ganharmos ganhamos tudo, se perdermos nada perdemos” é então preferível acreditar em Deus, “apostemos então sem hesitações que ele existe”.

 * QUAIS SÃO AS LINHAS ORIENTADORAS DO ARGUMENTO COSMOLÓGICO?

O argumento cosmológico de São Tomás de Aquino também conhecido por argumento da causa primeira, sendo a posteriori, é empírico, porque parte da experiência, mais concretamente da lei da causalidade, que “consiste em explicar um acontecimento da natureza mediante outro, fazendo de um a causa de outro”. Portanto, tudo o que existe tem uma causa diferente de si mesma. Como o universo nem sempre existiu temos que procurar a primeira causa de tudo. Mas a cadeia causal não pode regredir infinitamente, pois desta forma nada haveria para começar a sequência e explicar a origem do mundo. Por essa razão, tem que existir uma primeira causa, algo que tudo causa e por nada é causada. A esta causa incausada dá-se o nome de Deus. Logo, Deus existe necessariamente para quebrar esta procura.

 * SERÁ QUE KANT ACEITA O ARGUMENTO COSMOLÓGICO?

O argumento cosmológico apresenta objeções e Kant critica-o ao afirmar que a lei da causalidade só se aplica ao mundo natural, ou seja, nunca se pode “explicar um acontecimento natural mediante algo que não pertença ao mundo natural” porque o princípio da causalidade pode apenas ser aplicado ao que nos é dado pela experiência sensível. Uma causa é sempre um acontecimento que não é compatível com a ideia de uma causa incausada. Isto é assim porque “o conceito de causa só pode ter um uso imanente, limitado às coisas naturais”. São Tomás de Aquino passa ilegitimamente do mundo natural (“imanente”) para o mundo metafísico (transcendente) porque uma causa é sempre algo que acontece inserido num espaço e num tempo não sendo compatível com a ideia de Deus, ser infinito (eterno) fora do espaço/tempo. Por esta razão, não é legítimo para Kant defender este argumento para provar a existência de Deus.

                                                                                                                                  Rita Santos, 11º H

* Citações retiradas dos textos apresentados no teste de avaliação.

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