V - DEUS EXISTE ?- Texto argumentativo


 

O texto problematiza a existência da natureza de Deus. Desde sempre, o Homem demonstrou uma tendência para acreditar seja numa ou várias em várias entidades divinas, responsáveis pela criação do mundo e pelos fenómenos naturais. No primeiro caso temos uma perspetiva monoteísta, no segundo uma perspetiva politeísta. A religião parte do termo “religar” com o propósito de explicar o laço de união entre os homens e Deus, entre a realidade e a metafísica. Com efeito, a religião proporciona-nos uma experiência pessoal, cuja crença nos pode conduzir à vida eterna. Neste sentido, surge a questão "Será que Deus existe?” E se existir, será um Deus teísta? Este texto argumentativo tem como finalidade apresentar o argumento do mal, contra a existência de Deus. Seguidamente, será apresentada uma objeção que contraria o argumento do mal e uma possível resposta à mesma objeção por parte dos defensores do argumento do mal. Finalmente, irei a apresentar a minha opinião pessoal.

Segundo o argumento do mal, ou Deus não sabe que o mal existe e não é omnisciente ou Deus sabe que o mal existe e não consegue evitá-lo não sendo por isso omnipotente. Noutra interpretação, Deus sabe que o mal existe, mas escolheu não o evitar e neste caso não é sumamente bom. De facto, o problema do mal moral e natural parece inconciliável com a existência de um Deus teísta. As catástrofes naturais ou as guerras entre as nações espelham o sofrimento e a injustiça constante.

Confrontado com este argumento Leibniz surge com a Teodiceia e apresenta duas fortes objeções contra este argumento. Primeiramente, afirma que o mal moral existe porque Deus concedeu ao Homem o livre-arbítrio. Neste sentido, vivemos no melhor mundo possível, porque somos livres de fazer as nossas próprias escolhas sejam estas boas ou más. Deus é sumamente bom porque nos deu autonomia. Poderia ter feito com que os seres humanos agissem como máquinas programando-os para escolher o bem, mas por amor deu-nos liberdade subtraindo-nos a qualquer forma de determinismo e tornando-nos superiores em relação às outras criaturas. Nesta linha de pensamento, o sofrimento não é, portanto, causado por Deus, mas sim pelas pessoas que abusam do livre-arbítrio e fazem escolhas erradas. Em segundo lugar, a Teodiceia explica que o mal é necessário para o nosso aperfeiçoamento moral e espiritual. Santo Irineu apoia esta ideia e afirma que o mal e o sofrimento põem à prova a nossa força de caráter, pois tudo o que acontece tem uma razão suficiente para ser assim e não de outra forma, afinal “Deus escreve certo por linhas tortas”. Segundo Richard Swinburne, o sofrimento nesta vida é compensado na outra vida, ou seja, o mal pode ser visto como um bem maior para um bem maior – a salvação eterna.

Uma possível resposta à Teodiceia de Leibniz remete para o ponto de vista dos ateus que não acreditando em Deus, descartam a possibilidade da salvação eterna e, portanto, não se justifica toda a dor e sofrimento terreno. Neste sentido, se Deus permite o sofrimento, pode ser classificado com uma entidade sádica ou malévola.

Pessoalmente, concordo com a Teodiceia de Leibniz, mais especificamente com o primeiro argumento. Se temos a liberdade de escolher entre o bem e o mal, também temos que saber aceitar a responsabilidade das nossas ações. Acredito que os problemas que existem hoje em dia resultaram da acumulação de pequenas decisões no passado. Portanto, Deus não causa sofrimento nem é o responsável pelo mal que existe no mundo, pelo contrário representa uma ajuda incondicional para ultrapassarmos momentos difíceis e perdoa sempre os nossos erros.  Em conclusão, a religião suscita grandes debates, pois remete para convicções pessoais fundamentadas com base numa reflexão individual, não existindo uma resposta inequívoca e universal para o problema da existência de Deus.

Chantal Gonçalves n.2 11ºC

 

Comentários