O texto problematiza a existência da natureza
de Deus. Desde sempre, o Homem demonstrou uma tendência para acreditar seja
numa ou várias em várias entidades divinas, responsáveis pela criação do mundo
e pelos fenómenos naturais. No primeiro caso temos uma perspetiva monoteísta,
no segundo uma perspetiva politeísta. A religião parte do termo “religar” com o
propósito de explicar o laço de união entre os homens e Deus, entre a realidade
e a metafísica. Com efeito, a religião proporciona-nos uma experiência pessoal,
cuja crença nos pode conduzir à vida eterna. Neste sentido, surge a questão
"Será que Deus existe?” E se existir, será um Deus teísta? Este texto
argumentativo tem como finalidade apresentar o argumento do mal, contra a
existência de Deus. Seguidamente, será apresentada uma objeção que contraria o
argumento do mal e uma possível resposta à mesma objeção por parte dos
defensores do argumento do mal. Finalmente, irei a apresentar a minha opinião
pessoal.
Segundo o argumento do mal, ou Deus não sabe que o mal existe
e não é omnisciente ou Deus sabe que o mal existe e não consegue evitá-lo não sendo
por isso omnipotente. Noutra interpretação, Deus sabe que o mal existe, mas
escolheu não o evitar e neste caso não é sumamente bom. De facto, o problema do
mal moral e natural parece inconciliável com a existência de um Deus teísta. As
catástrofes naturais ou as guerras entre as nações espelham o sofrimento e a
injustiça constante.
Confrontado com este argumento Leibniz surge com a Teodiceia e
apresenta duas fortes objeções contra este argumento. Primeiramente, afirma que
o mal moral existe porque Deus concedeu ao Homem o livre-arbítrio. Neste
sentido, vivemos no melhor mundo possível, porque somos livres de fazer as
nossas próprias escolhas sejam estas boas ou más. Deus é sumamente bom porque
nos deu autonomia. Poderia ter feito com que os seres humanos agissem
como máquinas programando-os para escolher o bem, mas por amor deu-nos
liberdade subtraindo-nos a qualquer forma de determinismo e tornando-nos superiores
em relação às outras criaturas. Nesta linha de pensamento, o sofrimento não é, portanto, causado
por Deus, mas sim pelas pessoas que abusam do livre-arbítrio e fazem escolhas
erradas. Em segundo lugar, a Teodiceia explica que o mal é necessário para o
nosso aperfeiçoamento moral e espiritual. Santo Irineu apoia esta ideia e
afirma que o mal e o sofrimento põem à prova a nossa força de caráter, pois tudo
o que acontece tem uma razão suficiente para ser assim e não de outra forma,
afinal “Deus escreve certo por linhas tortas”. Segundo Richard Swinburne, o
sofrimento nesta vida é compensado na outra vida, ou seja, o mal pode ser visto
como um bem maior para um bem maior – a salvação eterna.
Uma possível resposta à Teodiceia de Leibniz remete para o ponto de vista dos ateus que não acreditando em Deus, descartam a possibilidade da salvação eterna e, portanto, não se justifica toda a dor e sofrimento terreno. Neste sentido, se Deus permite o sofrimento, pode ser classificado com uma entidade sádica ou malévola.
Pessoalmente, concordo com a Teodiceia de Leibniz, mais especificamente com o primeiro argumento. Se temos a liberdade de escolher entre o bem e o mal, também temos que saber aceitar a responsabilidade das nossas ações. Acredito que os problemas que existem hoje em dia resultaram da acumulação de pequenas decisões no passado. Portanto, Deus não causa sofrimento nem é o responsável pelo mal que existe no mundo, pelo contrário representa uma ajuda incondicional para ultrapassarmos momentos difíceis e perdoa sempre os nossos erros. Em conclusão, a religião suscita grandes debates, pois remete para convicções pessoais fundamentadas com base numa reflexão individual, não existindo uma resposta inequívoca e universal para o problema da existência de Deus.
Chantal Gonçalves n.2 11ºC
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