10º Ano FILOSOFIA - O debate continua ...

 

 No decorrer deste texto argumentativo iremos averiguar o problema do livre-arbítrio e responder à questão: Será que o homem é livre?”.O conceito de livre-arbítrio ou liberdade consiste na capacidade de tomar decisões e agir sem constrangimentos, assim sendo, o seu conhecimento é indispensável para responder à questão-problema.                 

  Desde os primórdios do pensamento filosófico, o questionamento acerca da liberdade do homem sempre foi pertinente, uma vez que o ser humano procura conhecer o sentido que está por detrás das suas ações e delibera  com consciência. De facto, é importante responder a perguntas deste tipo, por porem em causa os aspetos mais básicos e característicos da nossa existência como é o caso das nossas ações.

  No desenvolvimento do ensaio filosófico, pretendemos apresentar as três teorias mais conhecidas que respondem à questão da liberdade, são elas o determinismo radical, o determinismo moderado e o libertismo. A partir desta exposição, o nosso próximo objetivo será aprofundar a perspectiva de um libertista, por entendermos ser a mais plausível. Para isso, começaremos por enumerar alguns argumentos a favor, em seguida, será crucial determinarmos teses contraditórias à que defendemos para, consequentemente, refutá-las de forma imparcial considerando a perspetiva do filósofo Thomas Hobbes. Por fim, e tendo em conta o nosso raciocínio, será fundamentada uma conclusão que abrange a nossa tese principal.

Em contraposição ao libertismo, existem autores que procuram interpretar o conceito de liberdade e relacioná-lo com a ação humana através de outras teorias, nomeadamente, o determinismo radical e o determinismo moderado (compatibilismo). Por um lado, o determinismo radical defende a inexistência de livre-arbítrio por parte do ser humano, e que todas as suas ações são definitivamente determinadas por eventos passados, já o determinismo moderado, sobrepõe ideias libertistas com deterministas, de modo a encontrar um meio termo entre ambas, ou seja, enfatiza que parte das nossas ações são livres e, outra parte é determinada pelas nossas crenças e desejos.

 Para responder à questão: “Será que o homem é livre?”, escolhemos adotar uma perspetiva correspondente à teoria do libertismo, que declara a transcendência dos seres humanos sob as leis da natureza, afirmando que a ação humana não é determinada nem aleatória, pois os mesmos têm a capacidade de interferir no curso normal dos acontecimentos referente à sua capacidade de racionalizar e deliberar. Esta teoria também defende que a mente humana está acima de qualquer causalidade do mundo biológico, mas que, em contrapartida, o corpo do sujeito pode ser determinado por causas necessárias, mas nunca a mente, pois a mesma auto-determina-se a si própria, daí o recurso ao dualismo antropológico (separação do corpo e da mente).

  Existem inúmeras razões para acreditar que nós, enquanto seres humanos, temos total liberdade.No nosso entender, o homem tem total liberdade no que toca aos seus comportamentos, pelo facto de no momento em que decide executar uma ação ter consciência das suas repercussões (positivas ou negativas). Partindo desse princípio, podemos perspectivar relativamente ao caráter de um indivíduo e com base nas suas ações, que possui consciência acerca da moralidade das mesmas. Por termos a percepção da dimensão das nossas ações é imprescindível concluir que, também, somos responsáveis pelas mesmas. Continuando na mesma linha de raciocínio, o argumento da responsabilidade moral reconhece que faltando livre-arbítrio, não faria sentido atribuir responsabilidade ou punição a um indivíduo, pois as ações do mesmo não seriam conscientes, logo, a responsabilização de um indivíduo pelas suas ações fundamenta a existência de livre-arbítrio.

  Uma das objeções mais proeminentes aos argumentos apresentados defende que nem todas as ações são livres, uma vez que o cérebro nos leva a ter comportamentos e ações involuntárias, derivadas de leis biológicas que não podem  ser contornadas. Outra objeção, referente à afirmação da transcendência da mente sob as leis do mundo biológico, sustenta que não podemos afirmar que somos livres pela simples razão de sentirmos que podemos escolher. Por exemplo, num dia de inverno podemos sentir que o ar está mais frio do que a sua temperatura real, assim, o simples facto de nos sentirmos livres não é razão suficiente para acreditarmos que somos realmente livres. Por último, as nossas ações não podem ser responsabilizadas, dado que fomos determinados a desempenhá-las e não teríamos margem para agir de forma diferente, ou seja, o Homem não tem livre-arbítrio e é completamente determinado por acontecimentos do passado, por isso concluímos que não pode ter qualquer tipo de responsabilidade.

  Estas objeções são de certa forma interessantes e coerentes, contudo ainda há forma de contrariá-las. No que diz respeito à primeira objeção, como a mente sobrepõem-se às leis biológicas, basta sentirmos que somos livres para o sermos, como se verifica no caso em que um indivíduo tem uma doença mental e afirma ser livre, por achar que é livre isso torna-se verídico. Isto também se aplica à segunda objeção, dado que a nossa percepção passa a corresponder com a realidade. Em resposta ao terceiro e último argumento contra o libertismo, não é verdade que todas as nossas ações sejam determinadas por acontecimentos do passado, dado que antes de agirmos decidimos e pensamos se a ação que iremos desempenhar é benéfica ou prejudicial. Para além disso, cometendo essas ações estamos sempre sujeitos a consequências, o que indica que temos responsabilidade, tal como cita o bem conhecido filósofo Jean-Paul Sartre: “ O homem está condenado a ser livre, condenado porque ele não se criou a si, e ainda assim é livre. Pois tão logo é atirado ao mundo, torna-se responsável por tudo o que faz.”.

  Em suma podemos concluir que o libertismo argumenta que o homem tem liberdade em sentido absoluto, que agimos independentemente de qualquer constrangimento externo ou determinação interna e que a liberdade é independente de todo e qualquer tipo de causalidade. Além disso, é importante reconhecer que a liberdade admite várias formas, sendo uma das mais concebíveis a que está relacionada com as sensações, uma vez que se sentirmos liberdade não há nada que se possa fazer para o impedir de ser verdade.


10º B Maria Mendes (nº 16); Martim Leal (nº17); Matilde Gonçalves (nº21); Karolina Capoto (nº8); Inês Teixeira (nº6)


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