10º ano - FILOSOFIA - vamos debater?

 


Ao longo deste ensaio filosófico procurarei discutir se as ações humanas são verdadeiramente livres e a questão emerge: Será que o Homem é livre? Considero que a discussão deste problema é pertinente uma vez que a liberdade é um direito fundamental do ser humano. De facto, esta liberdade metafísica não nos pode ser dada nem tirada. Existem três teorias que procuram responder ao problema do livre-arbítrio: duas incompatíveis, o determinismo radical e o libertismo, e uma terceira, o compatibilismo ou determinismo moderado que é uma tentativa de conciliar as duas teorias incompatíveis.  O determinismo radical, reconhecido pelos cientistas, defende que nenhuma das nossas ações é livre. Contrariamente, o libertismo, apoiado pelos filósofos, afirma o oposto, ou seja, que a liberdade é absoluta. Por último, o determinismo moderado defende que as ações são livres e determinadas. Irei defender a tese do libertismo por me parecer a mais razoável e adequada à discussão deste problema. Primeiramente, apresentarei a perspetiva em questão. De seguida, mostrarei uma objeção ao libertismo que por último refutarei.

O libertismo rejeita o determinismo radical porque afirma que o homem tem liberdade em sentido absoluto. Assim, o homem age conforme a própria vontade. Esta liberdade é independente de todo e qualquer tipo de causalidade porque nada pode condicionar a ação do homem. Nesse sentido, as ações decorrem de reflexões e deliberações não sendo necessariamente causadas por acontecimentos anteriores. Nós, os homens, somos seres racionais, podemos efetivamente agir de forma consciente, voluntária e intencional. Tomemos como exemplo o caso do crime executado por dois jovens adolescentes de Chicago, Richard e Leopold. Um libertista diria que estes dois jovens tiveram total liberdade para realizar o assassinato já que eles tinham o controlo da situação, de modo que poderiam ter optado por não cometer o crime. Dependia apenas da escolha que eles iriam tomar. O libertismo ao defender a liberdade absoluta, suscita objeções, ou seja, contra-argumentos porque não estamos perante uma verdade fechada, mas uma questão sujeita a uma diversidade de pontos de vista. De facto, um determinista radical diria que a nossa mente não pode funcionar dentro de nós, sem o cérebro. Nesse sentido, as causas imediatas dos nossos estudos mentais são acontecimentos que ocorreram no cérebro e por isso não podemos separar o cérebro e a mente. Acresce o facto das nossas ações serem provocadas por acontecimentos anteriores e não termos por isso, qualquer tipo de responsabilidade. Esta objeção, no meu entender não é bem-sucedida uma vez que os animais também possuem cérebros e sistemas nervosos sem a capacidade de raciocinar e desenvolver teorias e pontos de vista. De facto, é por isso mesmo que se deve distinguir o cérebro da mente. Só assim é que percebemos a liberdade que possuímos, pois é a partir da mente e do conhecimento que somos livres de escolher o que bem entendemos, ao contrário de um animal que está programado pelo seu ADN estando a sua ação circunscrita ao seu instinto igual em todos os elementos da mesma espécie.

Em suma, podemos concluir que o homem é livre, consciente das ações que executa. Temos que ter livre-arbítrio porque de outro modo não poderíamos ser moralmente responsáveis pelas nossas ações. Assim, o homem pode ser castigado ou beneficiado segundo as suas escolhas; pode arrepender-se e aperfeiçoar-se ao longo da sua evolução.

Ana Guerra, 10ºB, nº1

Bibliografia: Areal, Rui; Pinto Ribeiro, Isabel; Teles de Sousa, Susana, Ágora, Porto Editora, 2021


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