Como se desenvolve a consciência moral segundo Piaget?

Piaget estudou os níveis de desenvolvimento da consciência moral porque esta não é inata mas constrói-se na relação social com os outros.
A moral da obrigação/heteronomia, corresponde ao período vivido entre os 3 e os 6 anos de idade, um período onde o valor está fora do sujeito que obedece e respeita, rigorosamente, as ordens e atitudes dos adultos.
A segunda etapa corresponde à moral da solidariedade entre iguais e corresponde ao período entre os 7 e os 11 anos. Nesta altura, o adulto deixa de ser a principal referência, sendo mais importante a noção de igualdade e respeito mútuo entre todos os jovens do grupo. Assim, por exemplo, as brincadeiras e os jogos passam a ser acompanhados por uma rígida intenção de cumprimento e de igualdade nas regras.
A terceira e última etapa corresponde à moral de equidade-autonomia, que começa a partir dos doze anos para Piaget e tem como principal característica a capacidade que o indivíduo, ainda jovem, adquire de ser capaz de analisar e refletir sobre os casos aos quais é chamado a intervir com autonomia pois o valor reside na mente do sujeito sendo por isso intrínseco às ações morais. Deste modo, os jovens de doze anos são capazes de distinguir as medidas que devem ser tomadas face a diferentes situações, graças aos valores morais que vão assimilando, através dos quais criam um código de conduta a seguir quando necessário. Ganham então autonomia e maturidade nas suas ações e decisões.
                                                                                                    José Diogo Machado, n16, 10C

Comentários

  1. Piaget considerava que a consciência moral se desenvolve paralelamente à inteligência, num processo, segundo etapas, que vai do que chamou “heteronomia” à autonomia moral.
    Entendendo a moralidade como sendo um sistema de regras, Piaget, consequentemente, via a essência da moralidade como o respeito que o indivíduo adquiria em relação a essas mesmas regras.
    A moralidade seria dependência do desenvolvimento intelectual da criança, como resultado do tipo de relações interpessoais que a criança mantém com outras crianças e adultos.
    Entendia então que, numa primeira etapa (correspondente à idade entre os 2 e os 6 anos), predominava uma moral de obrigação – heteronomia, a qual seria imposta do exterior à criança, que tem uma atitude de respeito unilateral absoluto para com os adultos, pois vê as ordens dos adultos como obrigatórias e, assim, obedece à autoridade exterior, sem sequer ter capacidade intelectual para a compreender.
    Numa segunda etapa, correspondente à idade entre os 7 e os 11 anos, as crianças vão desenvolvendo relações recíprocas de igualdade com as outras crianças, seus iguais. São características dessa moral de solidariedade entre iguais, a interiorização pessoal da lei, a consciência das consequências dos atos, a intencionalidade e a responsabilidade subjetiva. Em relação direta com as relações de respeito mútuo e de reciprocidade, surge o sentimento de justiça, que passa a ser considerado mais importante do que a obediência. As regras aplicam-se com rigidez, sendo a justiça entendida pelas crianças de modo igualitário, respeitando-se as regras por solidariedade com o grupo e para manter a ordem no mesmo.
    Numa terceira etapa, correspondente à idade a partir dos 12 anos, na qual já há uma capacidade de refletir com autonomia, há a possibilidade de uma moral de equidade, e com autonomia. O adolescente desperta para o altruísmo, para o interesse pelo outro e para a compaixão. Considera que os outros não são todos iguais, atende já a situação de cada um e, assim, a justiça já não é formalista e igualitária. A moral torna-se autónoma, o adolescente pensa por si, concebendo os princípios morais gerais, cria o seu próprio código de conduta.

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  2. Emmanuel Kant, um grande filósofo que introduziu a Teoria Deontológica de Kant (isto é, a teoria da boa vontade, intenção do dever), influenciou Piaget, um psicólogo suiço responsável pela invenção da psicanálise e do estudo do comportamento infantil. A tese de Kant foi deveras importante para Piaget estabelecer 3 etapas da consciência moral de um indivíduo, mais precisamente, das crianças.
    Piaget acreditava que um indivíduo era fruto do seu ambiente social, cultural, económico, entre outros; e origem da sua genética. Porém, como é previsível, uma criança à nascença é 0% cultural, ou seja, é impossível a sociedade conseguir influenciar a ação de um indivíduo recém nascido. Porém, à medida que a criança vai crescendo, a sua consciência moral também vai desenvolvendo, sendo que Piaget considera que existem 3 etapas do desenvolvimento moral de um indivíduo.
    Na primeira fase, ou seja, dos 2 aos 6 anos, Piaget diz que a moral do indivíduo é totalmente heterónoma. Todas as ações da pessoa, nem podem ser consideradas morais, nem imorais (isto é, são esvaziadas de conteúdo moral). Esta fase é reconhecida também pela moral da autoridade, ou obrigação, uma vez que a criança nesta fase tem um modelo de autoridade. Este modelo, geralmente, costuma ser o pai e a mão, originando que justificação de ações realizadas sejam do tipo: "É o correto, porque os meus pais assim me disseram", podendo variar a autoridade.
    Na 2ª etapa de Piaget (7 a 11 anos) a moral do indivíduo não é completamente heterónoma, mais ainda não é autónoma, sendo designada esta moral como moral da solidariedade entre iguais. Segundo Piaget, quando a criança se encontra neste estágio, a sua moral depende do tratamento igual entre todos os seus colegas, não existindo preferidos ou algum tipo de parcialidade na aplicação das regras. Por exemplo, é comum uma criança deste estágio afirmar que algo não é justo, quando um dos seus colegas recebe um privilégio em relação aos restantes membros do grupo. Tal afirmação é esvaziada de conteúdo moral, porque não tem em atenção as condições particulares do indivíduo.
    Por fim, o último estágio é a etapa da moral autónoma, a qual é caracterizada pela moral da equidade. Agora, o adolescente apartir dos 12 anos consegue realizar aões com conteúdo moral, existindo agora uma diferença entre indivíduos, uma atenção às características particulares o indivíduo e finalmente a possibilidade da existência de ações feitas por dever e contra o dever, existindo o valor fim agora nas ações, sendonecessário ao indivíduo criar o seu próprio de conduta, e não seguir somente a legislação para realizar ações morais, mas sim a sua moral.

    Francisco Campos, nº12, 10ºC

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