II - DEUS EXISTE? Texto argumentativo


“Será que Deus existe?” Esta questão tem sido debatida ao longo do tempo sendo relevante para os crentes na tentativa de encontrarem uma explicação para o sentido da vida. Muitas características podem ser apresentadas para caracterizar este Deus salvador:  sumamente bom, só deseja o bem; transcendente, porque é uma entidade suprema que está fora de nós; criador, pois criou tudo o que existe; omnipotente, é todo poderoso; omnisciente, sabe tudo o que é logicamente possível; omnipresente, está em toda a parte e é também uma pessoa, ou seja, tem personalidade e vontade própria. A nossa resposta à pergunta de partida vai incidir no argumento teleológico de William Paley. É nosso propósito apresentar a tese, uma objeção e uma possível resposta à objeção. No fim desta argumentação a nossa perspetiva pessoal vai enriquecer esta reflexão

O argumento teleológico, do desígnio ou argumento do desenho inteligente pretende justificar a existência de um Deus teísta através de uma analogia que passa por uma estratégia indutiva que amplia o conhecimento. Segundo William Paley o universo parece um todo onde tudo se encaixa harmoniosamente. A ordem a estrutura e a organização que o universo dispõe parece ter sido projetada por um ser superiormente inteligente, isto é, parece ser o produto de um desígnio inteligente que projetou o mundo com uma determinada finalidade/objetivo. Apresenta uma comparação que ilustra o seu pensamento: assim como todas peças de um relógio trabalham harmoniosamente e cada uma desempenha a sua função porque foram criadas por um ser inteligente, neste caso o relojoeiro, também um ser perfeito fabricou/engendrou o universo e os organismos que o habitam com uma determinada finalidade. A comparação prossegue: assim como os relógios são complexos, organizados e harmoniosos, e foram criados por um relojoeiro, também o cosmos, na sua organização complexa foi criado por uma entidade superior a que chamamos Deus. O que este argumento pretende transmitir é que se as coisas existentes na natureza têm uma finalidade, então o universo também tem a sua finalidade. O universo está tão detalhado e minuciosamente arquitetado que não pode ser obra do simples acaso, sendo Deus a entidade máxima que as orienta e dirige.

Há quem diga que estamos perante uma fraca analogia, com efeito, não existem tantas semelhanças entre o universo e os seres que nele habitam, com uma máquina ou um artefacto, logo fazer uma analogia entre estes dois modelos não leva a uma resposta convincente. David Hume afirma que aceitar que Deus criou o universo leva a que muitas coisas sejam explicadas de modo errado e outras não sejam simplesmente explicadas: - qual é a finalidade do cordão umbilical se tantos fetos morrem por se enrolarem nele? Este argumento não mostra que o universo em si mesmo é um sistema teleológico   porque não sabemos efetivamente qual é a sua finalidade nem tão pouco sabemos se este Deus é teísta ou não….

Uma possível resposta a esta objeção consiste na aceitação das ideias científicas vindas da ciência, nomeadamente, o big-bang e a teoria evolucionista desenvolvida pelo darwinismo. Estas ideias podem até ser verdadeiras, mas Deus é que criou as condições exatas e com precisão para que estes fenómenos pudessem ocorrer.

Podemos concluir que nesta matéria relacionada com a metafisica o consenso torna-se difícil. Esta teoria não é perfeita e apresenta falhas que a tornam menos credível aos olhos de quem se assume ateu ou agnóstico. Apesar deste argumento pretender provar a omnipotência de Deus, não consegue assegurar que este seja omnisciente, nem sumamente bom (é um facto que muitas crianças já morreram enroladas no cordão umbilical). Pese embora esta situação o argumento aponta uma possível solução porque apresenta uma entidade responsável pela criação recusando em absoluto a ideia do acaso.

 

11º E - Bernardo Medeiros nº3 , Guilherme Ramos nº7 , Tiago Cunha nº23


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