Qual é a importância de Deus no sistema cartesiano?

 

No âmbito da filosofia de Descartes é possível conhecermos a realidade em si mesma através da razão, sem qualquer apoio por parte da experiência. Descartes é racionalista e defende que Deus é uma ideia inata que garante a certeza e a universalidade do conhecimento. O racionalismo prova a existência de Deus apoiado no argumento ontológico e no argumento de causalidade. Quanto ao argumento ontológico, Deus, ser perfeito, tem que necessariamente existir, pois existir é mais perfeito do que não existir sendo uma das características da perfeição. Em relação ao argumento da causalidade, Descartes considera que tem na sua mente a ideia de perfeição por oposição à ideia de imperfeição, o infinito por oposição ao finito, a certeza por oposição à dúvida. Estas, são ideias claras e distintas, evidentes por si próprias, a priori que se alcançam por intuição racional. Isto leva-nos a questionar, a causa da existência destas ideias na nossa razão.  A resposta é clara, Deus, uma entidade superior benigna, infinita e perfeita. Logo, Deus é o fundamento metafísico do sistema do saber e, portanto, tem de existir necessariamente sem contradição. Deus é, por isso, extremamente importante, uma vez que é o alicerce seguro e firme que nos garante a objetividade do conhecimento sem nos enganar ou iludir. É toda a base e credibilidade do projeto cartesiano fundado nas ideias inatas, as únicas que servem para conhecer.

Maria Teresa Sousa Pinto, nº21 11ºF

Comentários

  1. Apesar de evidente, a certeza "Penso, logo existo" é uma certeza subjetiva. As ideias inatas são bastante claras e distintas e podem ser caracterizadas como essências puramente inteligíveis e independentes da contribuição da perceção sensível.

    Entre as ideias inatas encontra-se a noção de um ser perfeito, um ser que é omnisciente, sumamente bom e omnipotente. Descartes demonstra a existência de Deus mediante três provas.
    Uma delas parte da constatação de que na ideia de ser perfeito estão compreendidas todas as perfeições, sendo a existência uma dessas perfeições. Logo, Deus existe.

    "Pode-se demonstrar que um Deus existe, pela única razão de que a necessidade de ser ou de existir está compreendida na noção que temos dele."
    "Descartes (2005), Princípios da Filosofia"

    Bruno Ribeiro, nº19, 11ºC

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  2. Para Descartes, será que Deus existe?

    Sim. A 2a verdade a que Descartes chegou quando começou a duvidar foi acerca da existência de Deus. Descartes descobre a imperfeição da sua natureza em comparação com a ideia de um ser perfeito. O ser humano é imperfeito, uma vez que tem dúvidas, e a certeza é mais perfeita que a dúvida. O cogito pode criar ideias de coisas exteriores ao pensamento, mas sendo imperfeito não poderia ter criado a ideia de perfeição. Daí surge o argumento da causalidade: a causa da ideia de um «ser perfeito» não pode ser o ser humano, que é um ser imperfeito. Só Deus, ser perfeito, pode ser a origem da ideia de perfeição. O argumento da causalidade consiste em afirmar a existência de Deus como causa da ideia de perfeição. O segundo argumento é o argumento ontológico, que parte da constatação de que na ideia de ser perfeito estão compreendidas todas as perfeições. A existência é uma dessas perfeições. Por consequência, Deus existe.

    Rita Santos n°21 11°H

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