10º J - Os textos que fizeram filosofia no teste...

 

“Quem salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente correto, quer o seu motivo seja o dever, quer seja a esperança de ser pago pelo seu incómodo.”

     Stuart Mill

- Elabore um texto argumentativo acerca do comportamento acima descrito, a partir dos seguintes tópicos de orientação:

- Equacione o problema que o texto levanta e a sua pertinência filosófica;

- Exponha o critério de moralidade de Kant sobre este comportamento;

- Apresente uma objeção de Mill ao critério de moralidade de Kant;

- Apresente uma possível resposta de Kant  à objeção de Mill;

- Apresente, inequivocamente, a sua perspetiva pessoal, a favor ou contra o critério de moralidade de Kant ou Mill.

No texto é posta em causa a ação de salvar alguém que está prestes a afogar-se, e se esta ação é moralmente correta, independentemente do motivo por detrás.

Segundo Kant, a moralidade da ação depende da sua intenção: se o indivíduo que salvar o outro o faz pura e simplesmente porque é o seu dever, sem considerar recompensas ou agradecimentos, está a agir moralmente. Contudo, se a salvação do outro depender de interesses pessoais, sejam estes uma recompensa monetária, ou um presente em troca pela sua boa ação, já não está a agir moralmente, por muito bom que seja o seu feito ou as consequências sentidas.

Stuart Mill discorda com este modo de pensar. De acordo com a sua teoria consequencialista, é sempre moral a ação de salvar a vida do próximo, visto que esta vai trazer felicidade ao maior número de pessoas: o indivíduo sentir-se-á realizado e satisfeito e o que foi ajudado ficará aliviado e provavelmente a sua família também. Interesses pessoais como a recompensa não importam desde que o maior número de pessoas esteja feliz.

Kant não pensa assim. Uma ação que for feita apenas pela sua consequência não é genuína, logo não é moral, mesmo que tenha uma consequência positiva porque o que importa é a intenção.

Pessoalmente, embora observando os pontos fracos e fortes de cada tese, considero que me alinharia mais na perspetiva de Mill. Concordo que uma ação que tenha em mente interesses acima do dever possa não ser genuína, todavia, não acho que perca moralidade por causa disso. Felicidade e satisfação são fatores chave para uma vida ideal, logo, desde que no fim haja abundância dos mesmos, as ações para o alcançar são consideradas morais. Mesmo que eu tenha um interesse pessoal ao salvar alguém que está prestes a afogar-se, no final de contas vou-me beneficiar não só a mim como também à pessoa que salvei, aos seus amigos e família, que ficariam desolados se a perdessem, apenas e só porque eu não queria agir conforme o dever, nas palavras de como Kant.

Em suma, concordo com a teoria de Mill porque o que seria da vida se fosse marginalizada pelo que é moral ou não, mesmo trazendo a satisfação maior?

                                                                                                         
                                                                                                            Frederica Rocha, nº10, 10ºJ

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