Confronto entre Popper e Kuhn
Desde sempre, a ciência tem sido de grande importância para resolver problemas do interesse de toda a humanidade. Neste enquadramento, surge a seguinte questão: Será que a ciência evolui de forma contínua ou descontínua? Este texto argumentativo tem como objetivo apresentar a tese de Popper em relação à evolução da ciência, o conceito de verdade e a objetividade científica. De seguida, apresentarei uma objeção de Kuhn à tese de Popper e uma possível resposta à mesma. Finalmente, apresentarei a minha opinião pessoal.
Para Popper, a ciência evolui de forma contínua através de conjeturas e refutações. O trabalho do cientista é procurar e eliminar o erro, ou seja, atacar as teorias desde o interior (perspetiva internalista). O erro é um fator dinâmico de progresso e à medida que as teorias vão sendo falsificadas (teste da falsificabilidade), só as mais fortes prevalecem no tempo (influência da teoria da seleção natural). Na ciência não há verdade absoluta, apenas verosimilhança, isto é, a verdade é um ideal regulador, mas nunca é alcançada. As teorias que passam o teste da falsificabilidade são corroboradas. O espírito crítico é o instrumento de progresso e à medida que as teorias são corroboradas, vamos aproximando-nos da verdade. Portanto, a ciência para Popper é objetiva, isto é, “contra factos não há argumentos”. O cientista identifica, demonstra e aperfeiçoa o erro com objetividade.
No entanto, para Kuhn a
ciência é subjetiva, pois depende da credibilidade que a comunidade científica
dá ao paradigma aceite. Para além disso, a investigação científica é sempre
influenciada por interesses sociais e políticos e está dependente do
financiamento económico. Ao contrário de Popper, Thomas Kuhn acredita que a
ciência evolui de forma descontínua, por cortes e ruturas chamadas revoluções
científicas. A revolução científica pode levar a uma mudança total de
paradigma, o que implicaria novas teorias e soluções mais inovadoras “a ciência
evolui por revoluções ao nível dos princípios de explicação ou paradigmas que
comandam a nossa visão do mundo". Para Kuhn, um paradigma é um modelo
científico formado por teorias verificadas experimentalmente. Os paradigmas são
incomensuráveis, isto é, incompatíveis entre si. Não há padrão de comparação e
o novo paradigma não é melhor que o anterior, apenas diferente. Cada um serviu
no seu tempo para resolver os problemas. O paradigma dominante, escolhido pela comunidade
científica, orienta a atividade científica no período de ciência normal.
Para Popper, o período de ciência
normal é limitado, desinteressante e empobrecedor. A atitude dogmática e
conservadora do cientista não contribui para a evolução da ciência. Segundo
Popper, "há belos cadáveres de teorias científicas que não passam de
pseudociência", isto é, no período de ciência normal o cientista continua
a verificar e confirmar teorias que podem já estar desatualizadas. Popper
reprova este conhecimento "cristalizado" e afirma que a atitude
normal do cientista deveria ser a postura que tem no período de ciência
extraordinária, pois é neste período que “a própria estrutura da visão do mundo
se transforma”.
Pessoalmente, concordo mais com a perspetiva de ciência de Kuhn, pois o método de Popper não é utilizado na ciência hoje em dia. Isso implicaria uma desconfiança permanente na ciência e nunca obteríamos soluções concretas para os problemas. Em conclusão, Popper e Thomas Kuhn são autores com opiniões contrárias em relação à evolução da ciência, o conceito de verdade e a objetividade da ciência. No entanto, um aspeto que os aproxima é que para ambos o conhecimento científico não é absoluto, mas sim provisório e revisível.
Chantal Gonçalves, 11º C
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