10º ano - FILOSOFIA - mais um ponto de vista fundamentado...


No decorrer deste ensaio filosófico procuraremos discutir o problema do livre arbítrio. Desta forma, debruçar-nos-emos sobre a questão: «Será que o homem é livre?». Consideramos a discussão deste problema conveniente, já que a liberdade é um conceito fundamental que deve ser bem esclarecido. A existência da liberdade (capacidade de um indivíduo fazer escolhas autonomamente, de acordo com a sua vontade) é um tema intemporal, que sempre despertou diferentes pontos de vista, daí a existência de três teorias que o procuram explicar. Entre estas, identificamos o libertismo e o determinismo radical (teorias incompatibilistas e que, por isso, se opõem entre si) e o determinismo moderado (teoria compatibilista, uma vez que concilia os princípios das teorias anteriores). Se por um lado, o determinismo radical, apoiado pelos cientistas, defende que todas as nossas ações estão determinadas por acontecimentos anteriores, por outro lado o libertismo, reconhecido pelos filósofos, afirma que o homem age conforme a sua própria vontade, não sendo necessariamente influenciado por acontecimentos passados. O determinismo moderado, por sua vez, procura sustentar que as ações são determinadas e, simultaneamente, livres, numa tentativa de conciliar estas duas perspetivas opostas. Iremos defender a tese do determinismo moderado por nos parecer a mais razoável. Em primeiro lugar, apresentaremos a perspetiva em questão. Posteriormente, mostraremos uma objeção a esta teoria, que por fim refutaremos.

O determinismo moderado é o modelo que defende a coexistência do determinismo com o livre arbítrio. Efetivamente, estamos determinados por condicionalismos físicos, biológicos ou histórico-culturais, mas somos livres quando o modo como agimos resulta do nosso querer e não de qualquer doença ou controlo artificial. Somos seres racionais, livres e responsáveis pelos nossos atos, tendo a possibilidade de agir de forma consciente, intencional e voluntária (estando assim inseridos no triângulo da ação humana). De facto, como afirma Dean Hamer, «A compreensão dos genes não significa que tenhamos de nos resignar a qualquer destino pré-programado». Esta é considerada a teoria mais plausível, onde o homem dispõe de uma margem para exercer livremente as suas ações. Exemplificando com a ação de Heitor da obra de Savater, o mesmo deliberou e assumiu as consequências do perigo que corria, agindo sem obstáculos (internos ou externos) que o impedissem de fazer o que desejava e decidindo pela sua própria vontade combater com o inimigo. Simultaneamente, este foi educado para ser o príncipe de Troia (condicionado pela sua dimensão biológica), sendo que foi influenciado pelas suas capacidades biológicas a tomar a decisão de enfrentar Aquiles. Há vários argumentos a favor do determinismo moderado. Entre estes, o facto de o homem ser livre uma vez que pode escolher entre duas ou mais alternativas e de compatibilizarmos a liberdade com outras forças que a parecem anular. No nosso ponto de vista, as considerações seguintes oferecem argumentos convincentes em defesa da teoria em causa. Apesar de tudo, há quem não concorde com os ideais do compatibilismo, levantando objeções contra a teoria. Entre estas, destaca-se o facto de um compatibilista não distinguir de forma clara a diferença entre as ações livres e as ações não livres. Com efeito, o determinismo moderado não explica por que é que ser constrangido por acontecimentos livres é um ato livre e ser constrangido por alguém já não é um ato livre (mas sim uma coação). No entanto, na nossa opinião, o compatibilismo apresenta uma justificação lógica ao argumentar que somos livres se agirmos sem constrangimentos ou obstáculos, internos ou externos, que nos impeçam de fazer o que desejamos. No entanto, se aquilo que desejamos se encontra determinado por acontecimentos anteriores, então as nossas ações estão constrangidas por acontecimentos anteriores e não temos consciência de que estamos a ser constrangidos.

Em suma, a teoria do determinismo moderado é a que, segundo as nossas convicções, responde melhor à questão de o homem ser livre, afirmando que sim, este é livre quando as ações são determinadas (causadas), mas não constrangidas (forçadas). É, por isso, a teoria compatibilista que concilia os princípios do determinismo radical o e do libertismo, concluindo que somos livres em alguns aspetos, mesmo que, de algum modo, sejamos determinados a realizar certas ações.

                                                                10º H -  Isabel Maruny nº8; Maria da Graça Lima nº15;


Comentários

  1. Em suma a teoria do determinismo moderado é uma teoria compatibilista que afirma que o Homem é livre, mas também determinado, ou seja, há livre-arbítrio e determinismo. Também chamamos esta teoria de compatibilismo, uma vez que concilia tanto princípios do determinismo radical como do libertismo, duas teorias incompatibilistas. 10H Miguel Novais n 20

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  2. As teorias compatibilistas são aquelas que defendem que a liberdade humana e o determinismo são compatíveis. Esta teoria afirma que as ações humanas são determinadas por fatores externos, mas que ainda assim o indivíduo tem a capacidade de escolher livremente entre as opções disponíveis
    No meu caso em particular. Estou na área de humanidades porque não gostava de matemática e de certa forma estava determinado a seguir uma área sem matemática, porém tive o livre arbítrio de escolher o curso de humanidades e a escola onde estudar.

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  3. A teoria do determinismo moderado é uma abordagem filosófica que tenta conciliar a ideia de determinismo com a noção de livre-arbítrio. Esta teoria sugere que, embora as escolhas das pessoas sejam influenciadas por fatores causais, ainda assim podemos ter controle sobre as nossas ações e sermos responsáveis ​​por elas.

    De acordo com esta teoria, as escolhas das pessoas são determinadas por uma combinação de fatores causais, incluindo as suas disposições naturais, experiências passadas, ambiente e outros fatores que influenciam as suas decisões. No entanto, estes fatores não eliminam a possibilidade de escolha ou a responsabilidade pelas ações.

    O determinismo moderado afirma que as pessoas podem exercer controle sobre suas escolhas, mesmo que estas sejam influenciadas por fatores causais. Isto é possível porque as pessoas podem ter uma ampla gama de opções disponíveis para elas, e estas opções podem ser diferentes dependendo das circunstâncias.

    Por exemplo, uma pessoa pode ser influenciada pelo ambiente em que cresceu, mas ainda pode escolher estudar e trabalhar arduamente para alcançar os seus objetivos. Ou seja, embora o ambiente possa ter influenciado a escolha, a pessoa ainda tem o poder de tomar decisões conscientes e fazer escolhas que fizeram a sua vida.

    Em resumo, a teoria do determinismo moderado sugere que as escolhas humanas são influenciadas por fatores causais, mas que ainda podemos exercer algum controle sobre essas escolhas e assumir a responsabilidade por nossas ações. Esta abordagem tenta conciliar a ideia de determinismo com a noção de livre-arbítrio, sugerindo que as pessoas podem ter algum grau de liberdade nas suas escolhas, mesmo que estas sejam influenciadas por fatores externos. Miguel Novais N20 10H

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