Neste ensaio
filosófico terei o intuito de responder à seguinte questão-problema relacionada
com a filosofia política: "- Deve o Estado interferir na propriedade
privada?” Esta pergunta de partida remete para outra não menos importante: “- Em que
circunstâncias são escolhidos os princípios de uma sociedade justa?”. São questões
pertinentes, uma vez que refletem sobre o funcionamento da sociedade e da
justiça num Estado de direito organizado com o poder legislativo, executivo e judicial. Primeiramente, apresentarei nesta reflexão, a perspetiva de
Rawls e em seguida, irei apresentar a tese concorrente de Sandel e a resposta
da Rawls a essa objeção. Por fim, terei a oportunidade de manifestar o meu
ponto de vista e apoiar um dos autores.
Segundo Rawls,
uma sociedade justa é aquela que maximiza a liberdade e a igualdade, com vista
à diminuição do fosso entre ricos e pobres porque essa é a verdadeira causa da injustiça social. Para tal acontecer devem ser
criados os princípios, estipulados de uma forma particular. Todos, sem
exceção, hipoteticamente passam por uma experiência mental, garantindo-se a
universalidade porque na posição original a coberto com o véu da ignorância os
sujeitos desconhecem a sociedade em que estão inseridos, as suas
características pessoais, os talentos e muito menos o seu futuro. Esta situação
metafórica permitirá a imparcialidade, pois desta forma ninguém tem acesso a
qualquer tipo de conhecimento. Assim, está garantida a racionalidade porque
queremos o melhor no pior cenário possível, garantia da regra maximin. Desta
situação surgem os três princípios de uma sociedade justa: o princípio da
liberdade, o princípio da igualdade de oportunidades e o princípio da
diferença. Para Rawls, o Estado deve interferir na propriedade privada,
aplicando impostos proporcionais aos rendimentos de cada indivíduo. Tal
imposto, será depois distribuído pelos mais desfavorecidos (“desde que as
desigualdades que dela resultem sejam a favor dos menos beneficiados…”;). Esta
distribuição garante a diminuição do fosso entre ricos e pobres e é compatível
“com liberdade e a igualdade equitativa de oportunidades” (l.7-8) beneficiando
quem foi menos afortunado na lotaria da vida. Contudo, Sandel não concorda com
a perspetiva do liberalismo igualitário. Por um lado, rejeita a posição
original e o “véu de ignorância”, dado que uma pessoa não pode decidir
corretamente se não souber a realidade em que se insere. Nestas condições temos um sujeito metafísico sem identidade, abstrato que nada pode decidir porque não é real. Além disso esta
experiência mental não garante que não haja pessoas que arrisquem e tomem
decisões mais radicais. Por outro lado, Sandel refere que os impostos devem servir para
proporcionar o bem-comum quer a ricos quer a pobres financiando por exemplo infraestruturas
públicas. Esta visão mostra que Sandel é um comunitarista que apoia os mais talentosos e dedicados no seu trabalho os quais devem ser recompensados de acordo com a teoria da meritocracia. Esta conceção pretende motivar os que têm mais talento e se esfoçam mais para atingir o
sucesso.
Por este motivo
Rawls contra-argumenta e critica o pensamento de Sandel porque a
meritocracia só faz aumentar a discrepância entre ricos e pobres, entre os mais afortunados gerando maiores desigualdades entre os mais bem-sucedidos na lotaria da vida.
Em suma, penso
que a perspetiva de Sandel é mais coerente em relação à perspetiva do Rawls. As
desigualdades entre os mais e menos bem-sucedidos não são assim tão grandes,
uma vez que os melhores sujeitos podem servir como exemplo para os menos
trabalhadores ou empenhados, fazendo com que os mesmos possam ver o exemplo e mudar de mentalidade/atitude.
Além disso, penso que a verdadeira justiça incide no ato de beneficiar todos
por igual, criando espaços infraestruturas plausíveis a todos.
Maria
Mendes, 10ºB
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